quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Mulheres de todo o país marcharão em Brasília em prol dos direitos das mulheres negras.



No dia 18 de novembro acontece em Brasília a Marcha das Mulheres Negras, primeira mobilização que reunirá mulheres negras de todo o país na luta contra as discriminações que afetam as mulheres negras brasileiras. Idealizada em novembro de 2011 no "Encontro Paralelo da Sociedade Civil para o Afro XXI: Encontro Ibero Americano do Ano dos Afrodescendentes", a Marcha das Mulheres Negras será um grande ato "Contra o racismo e a violência e pelo bem viver".

Visibilidade e identidade das mulheres negras, violência de gênero, racismo institucional e genocídio da juventude negra são alguns dos temas que integram a pauta da Marcha das Mulheres Negras. No Brasil vivem cerca de 49 milhões de mulheres negras, pretas e pardas, uma população que tem seus direitos humanos sistematicamente violados por meio de práticas machistas e racistas.

Conselheiras do Fundo ELAS convidam para a Marcha das Mulheres Negras
Conselheiras do Fundo ELAS, que desde a sua fundação apoia o movimento de mulheres negras no país, falam da importância dessa mobilização inédita.
“Essa é uma manifestação inédita mas as propostas são antigas, remontam a alguns séculos de luta pelos direitos da população negra e especialmente das mulheres negras. É uma marcha contra o racismo e a violência, que são velhos conhecidos nossos, retratados nos números e pesquisas acerca da condição das mulheres negras e do que elas enfrentam no dia a dia”, explica Lúcia Xavier, que integra o Conselho Deliberativo do Fundo ELAS e coordena a ONG Criola.

“A marcha vem denunciar que há uma certa invisibilidade dessas mulheres. Apesar de termos avançado muito, ainda estamos fora dos processos de decisão. Nossa palavra não é tida como capaz de representar a parcela da sociedade que compomos, estamos ausentes do campo das decisões políticas. A marcha tem esse sentido. E o ponto mais importante é que, além de fazer a denúncia do racismo e da violência, de trazer à tona todos esses elementos, pretende oferecer um conjunto de concepções pensando na sociedade como um todo – traz a noção do bem viver como possibilidade de novas relações em toda a sociedade”, completa Lúcia.

Para Suzimar Clementino, vice presidenta do Conselho: “A Marcha das Mulheres Negras é muito importante porque aquela máxima é verdadeira: a união faz a força. São muitas mulheres juntas com o mesmo propósito, de buscar o respeito à mulher negra, a capacitação dessa parcela da população, a igualdade de gênero e raça. É muito positiva essa união do Brasil todo para encaminhar aos governantes nossas demandas, buscando uma voz no meio desse preconceito todo que existe em nosso país, haja vista o que aconteceu com a  Taís Araújo. O  caso dela chegou ao público porque ela é famosa, mas e todas as outras mulheres negras que sofrem preconceito cotidiamente? Eu sofro preconceito direto porque as pessoas não reconhecem uma  mulher negra como uma empresária. Nós, negras, não somos só samba e carnaval, temos muitos outros referenciais. A Marcha vem exigir que respeitem nossa dignidade e lutar por nossa colocação dentro da política e da sociedade como um todo.”

Neusa das Dores Pereira, diretora executiva do Centro de Documentação e Informação Coisa de Mulher (CEDOICOM) e uma das fundadoras do Fundo ELAS, destaca a relevância da mobilização no atual contexto político brasileiro: “É um momento muito rico da militância de mulheres negras, mas temos ainda muito que caminhar e conscientizar, especialmente porque também estamos convivendo com um movimento contrário muito grande, de forças conservadoras contrárias a nossa conquista de direitos”, afirma Neusa.
Jana Guinond reforça o coro em prol da Marcha: “As mulheres negras sempre estiveram dispostas por um mundo melhor, e com a Marcha não será diferente. Propor uma reflexão sobre a atual situação torna-se imprescindível. É um projeto político das Mulheres negras para o Brasil. Viva mulheres negras, viva! Respeite a nossa história”.
“Vem marchar você também!”, convoca Lúcia Xavier.

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