sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Em ação dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência, ONU projeta dados sobre feminicídio no Museu Nacional


Abertura da campanha global da ONU nos 16 Dias, “Torne o Mundo Laranja”, começa com destaque para o Brasil este ano; país é o 5o no ranking de assassinato de mulheres
Acesse aqui o Mapa da Violência 2015

Durante a campanha mundial dos 16 Dias de Ativismo Pelo Fim da Violência contra as Mulheres, a Organização das Nações Unidas iluminará o Museu Nacional, em Brasília, com dados de violência contra as mulheres, nos dias 18 e 19 de novembro. A ação acontece no contexto da visita da Diretora Executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka, que trará o país para os holofotes internacionais este ano.

No Brasil, a Campanha dos 16 Dias se inicia em 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra, e termina em 10 de Dezembro – Dia Internacional dos Direitos Humanos.
Os 16 Dias de Ativismo começaram em 1991, quando mulheres de diferentes países, reunidas pelo Centro de Liderança Global de Mulheres (CWGL), iniciaram uma campanha com o objetivo de promover o debate e denunciar as várias formas de violência contra as mulheres no mundo. A data é uma homenagem às irmãs Pátria, Minerva e Maria Teresa, que se posicionaram contrárias ao ditador Trujillo, ficando conhecidas como “Las Mariposas”, e sendo assassinadas em 1960, na República Dominicana.
Hoje, cerca de 150 países desenvolvem esta campanha. No Brasil, ela acontece desde 2003, por meio de ações de mobilização e esclarecimento sobre o tema.
Segundo o Mapa da Violência 2015, estudo elaborado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), com o apoio da ONU Mulheres e da Organização Pan-americana de Saúde, o Brasil assume a 5ª posição no ranking de feminicídio, com uma taxa de 4,8 assassinatos por cada 100 mil mulheres. 55,3% desses crimes foram cometidos no ambiente doméstico e 33,2% dos assassinos eram parceiros ou ex-parceiros das vítimas, com base em dados de 2013 do Ministério da Saúde.
O estudo diz ainda que houve um aumento de 54% em dez anos no número de assassinatos de mulheres negras, passando de 1.864, em 2003, para 2.875, em 2013.
As mensagens projetadas no Museu Nacional convocam cidadãos e cidadãs, governos, universidades, empresas e sociedade civil a tomarem uma atitude pelo fim da violência contra mulheres e meninas.
A ação se relaciona à campanha global da ONU Mulheres nos 16 Dias “Torne o Mundo Laranja”, que iluminará de laranja monumentos importantes, a fim de dar visibilidade para o problema. A cor laranja, por ser vibrante, foi escolhida para simbolizar um futuro de esperança para mulheres e meninas. No ano passado, entre os principais símbolos mundiais, foram iluminadas a Times Square, em Nova York, e as Pirâmides do Egito.
Dia Laranja – Em julho de 2012, a campanha UNA-SE pelo Fim da Violência Contra as Mulheres, do Secretário-Geral das Nações Unidas, proclamou o dia 25 de cada mês como um Dia Laranja. Em todo o mundo, agências das Nações Unidas e organizações da sociedade civil utilizam esses dias para dar mais visibilidade às questões que envolvem a prevenção e a eliminação da violência contra mulheres e meninas.
Mapa da Violência - A fonte básica para a análise dos assassinatos no Brasil, em todos os Mapas da Violência até hoje elaborados, é o Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde (MS).
A seguir, alguns dos dados apresentados no Mapa da Violência 2015: assassinato de mulheres no Brasil.
Assassinato de mulheres nas capitais – Vitória, Maceió, João Pessoa e Fortaleza encabeçam as capitais com taxas mais elevadas no ano de 2013, acima de 10 assassinatos por 100 mil mulheres. No outro extremo, São Paulo e Rio de Janeiro são as capitais com as menores taxas.
Estatísticas internacionais – De acordo com os dados da OMS, o Brasil tem taxa de 4,8 assassinatos por 100 mil mulheres, em 2013, o que coloca o país na 5ª posição internacional, entre 83 países do mundo.
Cor das vítimas – As taxas das mulheres e meninas negras vítimas de assassinatos cresce de 22,9% em 2003 para 66,7% em 2013. Houve, nessa década, um aumento de 190,9% na vitimização de negras, índice que resulta da relação entre as taxas de mortalidade brancas e negras, expresso em percentual.
Idade das vítimas – Baixa ou nula incidência até os 10 anos de idade, crescimento íngreme até os 18/19 anos, e a partir dessa idade, tendência de lento declínio até a velhice. O platô que se estrutura no assassinato de mulheres, na faixa de 18 a 30 anos de idade, obedece à maior domesticidade da violência contra a mulher.
Mais informações
ONU Mulheres – Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres
Isabel Clavelin – Assessora de Comunicação da ONU Mulheres
(61) 3038 9140 | 8175 6315
E-mail: isabel.clavelin@unwomen.org
Amanda Kamanchek Lemos – Coordenadora de Campanha
(61) 3038-9296 | 9984-9122
E-mail: amanda.lemos@unwomen.org


DIA NACIONAL DA CONSCIÊNCIA NEGRA


O racismo impõe barreiras difíceis de ultrapassar.

Ele fecha as portas para a escola, para o emprego, para oportunidades a que todo cidadão tem direito.

Produz miséria, violência e destrói vidas, pois condena as pessoas pela sua cor. Não seja cúmplice deste crime.

Somos todos diferentes, porém, temos direitos iguais.

Não importa o que você é por fora, o que importa é que somos todos iguais por dentro e devemos valorizar isso.

O coração é a verdadeira janela para a nossa alma, para o que somos.

Celebre todas as raças, celebre a vida!

Que tenhamos uma Tarauacá cada vez mais unido e que o preconceito seja vencido.

Feliz dia Nacional da Consciência Negra.

Rede de Mulheres de Tarauacá -REMUT

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

30 cidades onde mais mulheres foram mortas em 5 anos


Violência contra a mulher
São Paulo – Em cinco anos, 22,3 mil mulheres foram assassinadas no país. Isso significa que, a cada dia, 12 mulheres perderam a vida, muitas vezes pela mão de seus companheiros ou da própria família.
Algumas cidades brasileiras destacam-se por terem robustas taxas médias dehomicídios de mulheres. Na cidade de Caracaraí (RR), por exemplo, que ocupa o primeiro lugar do ranking, foram registradas 54,4 vítimas a cada 100 mil habitantes.
Logo atrás está Barcelos, no Amazonas, com uma taxa de 45,2 e, em seguida, Florestópolis, no Paraná, com 40,0.
Os dados do Mapa da Violência 2015 - Homicídio de Mulheres, levam em conta o número de homicídios registrados de 2009 a 2013, informações mais recentes retiradas do Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde.
Perfil da mortes
Ainda de acordo com o levantamento, os maridos respondem pela maior parte dos casos. Segundo o estudo, entre todos os casos de violência contra a mulher registrados, 22,5% foram cometidos por eles.
Já sobre a ótica mundial, dados da Organização Mundial da Saúde apontam que o Brasil carrega a 5ª posição entre 83 países com as maiores taxas de homicídio – a cada 100 mil mulheres, 4,8 foram mortas em 2013.
Nas imagens, você vê os 30 municípios com as taxas mais altas de homicídios (calculada entre 2009 e 2013), os números absolutos e a população de mulheres aproximada no período.
Ao final, você encontra a lista com as 300 cidades que apresentam os maiores índices de feminicídios.

Globo e ONU Mulheres iniciam campanha de enfrentamento à violência contra as mulheres.

Filme da campanha entra na programação nesta sexta-feira, 13 de novembro. Outras ações de mobilização em torno do tema serão lançadas pela Globo entre 25 de novembro e 10 de dezembro, estipulado pela ONU como os “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres”
Assista aqui para assistir ao filme
Campanha faz referências a ‘desculpas’ usadas por mulheres que escondem agressões sofridas, como ter caído da escada
Foto: Divulgação Globo


“A cada 15 segundos uma mulher cai da escada, escorrega no banheiro ou tropeça no tapete. E a cada uma hora e meia uma mulher não sobrevive para contar a próxima desculpa”. Com este alerta, a Globo e a ONU Mulheres, liderança global na defesa dos direitos das mulheres em todo o mundo, lançam uma campanha de enfrentamento à violência de gênero.
O filme da campanha, lançado nessa quarta-feira, 11 de novembro, durante o ‘Jornal Hoje’, ressalta a importância da denúncia das agressões. O trabalho, produzido pela Comunicação da Globo, apresenta cenas comuns a todos os lares, como uma beira de escada, um banheiro com a porta entreaberta e a ponta de um tapete no chão. Em off, uma locução revela que as imagens fazem referência às desculpas utilizadas, por muitas mulheres, para esconder as violências que sofrem. O filme termina com um apelo, “Quando uma mulher é agredida, toda sociedade é agredida também”, para que agredidos e testemunhas não se omitam, denunciem por meio do telefone 180, e entendam que esta atitude pode salvar vidas.
“Não podemos ficar indiferentes diante da publicação dos novos dados sobre violência contra a mulher. Junto com a ONU Mulheres, usaremos nosso poder de comunicação para mobilizar a sociedade em torno de uma agenda de defesa de direitos, que atue pela mudança de comportamento e pelo fim da violência”, afirma a diretora de Responsabilidade Social da Globo, Beatriz Azeredo.
De acordo com o estudo “Mapa da Violência 2015: Homicídio de Mulheres”, divulgado na segunda-feira, 9 de novembro, a taxa de homicídios de mulheres no Brasil é a 5ª maior do mundo – são 4,8 assassinatos para cada 100 mil mulheres, conforme dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). O estudo, feito pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), avaliou 83 países.
“O Brasil está na 5ª posição de 83 países no ranking internacional de assassinatos de mulheres. Essa realidade cruel somente será mudada se a população brasileira compreender que a vítima em potencial está dentro de sua casa, do seu local de trabalho ou de sua escola ou universidade. Isso significa que, no dia a dia, todas as pessoas devem tomar posição diante dos primeiros sinais da violência”, afirma Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres Brasil.
O filme da campanha entra na programação nesta sexta-feira, 13 de novembro. Outras ações de mobilização em torno do tema serão lançadas pela Globo entre 25 de novembro e 10 de dezembro, estipulado pela ONU como os “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres”. O período culmina com o Dia Internacional dos Direitos Humanos.
Ficha Técnica:
Direção de criação: Sergio Valente, Mariana Sá e Leandro Castilho
Criação: Monica Tommasi e Alexandre Tommasi
Atendimento: Carla Sá, Andrea Couto, Flávio Carrijo
Edição e finalização: Marcio Vieira e Carolina Miranda
Gerente de Produção: Jaqueline Couto
RTV: José Fernando e Thais Soares
Produção da trilha: Cream Estúdio
Imagens utilizadas nos filmes: Bancos de Imagens Getty Imagens, Shatter
Locução: Professor Pardal

Mulheres de todo o país marcharão em Brasília em prol dos direitos das mulheres negras.



No dia 18 de novembro acontece em Brasília a Marcha das Mulheres Negras, primeira mobilização que reunirá mulheres negras de todo o país na luta contra as discriminações que afetam as mulheres negras brasileiras. Idealizada em novembro de 2011 no "Encontro Paralelo da Sociedade Civil para o Afro XXI: Encontro Ibero Americano do Ano dos Afrodescendentes", a Marcha das Mulheres Negras será um grande ato "Contra o racismo e a violência e pelo bem viver".

Visibilidade e identidade das mulheres negras, violência de gênero, racismo institucional e genocídio da juventude negra são alguns dos temas que integram a pauta da Marcha das Mulheres Negras. No Brasil vivem cerca de 49 milhões de mulheres negras, pretas e pardas, uma população que tem seus direitos humanos sistematicamente violados por meio de práticas machistas e racistas.

Conselheiras do Fundo ELAS convidam para a Marcha das Mulheres Negras
Conselheiras do Fundo ELAS, que desde a sua fundação apoia o movimento de mulheres negras no país, falam da importância dessa mobilização inédita.
“Essa é uma manifestação inédita mas as propostas são antigas, remontam a alguns séculos de luta pelos direitos da população negra e especialmente das mulheres negras. É uma marcha contra o racismo e a violência, que são velhos conhecidos nossos, retratados nos números e pesquisas acerca da condição das mulheres negras e do que elas enfrentam no dia a dia”, explica Lúcia Xavier, que integra o Conselho Deliberativo do Fundo ELAS e coordena a ONG Criola.

“A marcha vem denunciar que há uma certa invisibilidade dessas mulheres. Apesar de termos avançado muito, ainda estamos fora dos processos de decisão. Nossa palavra não é tida como capaz de representar a parcela da sociedade que compomos, estamos ausentes do campo das decisões políticas. A marcha tem esse sentido. E o ponto mais importante é que, além de fazer a denúncia do racismo e da violência, de trazer à tona todos esses elementos, pretende oferecer um conjunto de concepções pensando na sociedade como um todo – traz a noção do bem viver como possibilidade de novas relações em toda a sociedade”, completa Lúcia.

Para Suzimar Clementino, vice presidenta do Conselho: “A Marcha das Mulheres Negras é muito importante porque aquela máxima é verdadeira: a união faz a força. São muitas mulheres juntas com o mesmo propósito, de buscar o respeito à mulher negra, a capacitação dessa parcela da população, a igualdade de gênero e raça. É muito positiva essa união do Brasil todo para encaminhar aos governantes nossas demandas, buscando uma voz no meio desse preconceito todo que existe em nosso país, haja vista o que aconteceu com a  Taís Araújo. O  caso dela chegou ao público porque ela é famosa, mas e todas as outras mulheres negras que sofrem preconceito cotidiamente? Eu sofro preconceito direto porque as pessoas não reconhecem uma  mulher negra como uma empresária. Nós, negras, não somos só samba e carnaval, temos muitos outros referenciais. A Marcha vem exigir que respeitem nossa dignidade e lutar por nossa colocação dentro da política e da sociedade como um todo.”

Neusa das Dores Pereira, diretora executiva do Centro de Documentação e Informação Coisa de Mulher (CEDOICOM) e uma das fundadoras do Fundo ELAS, destaca a relevância da mobilização no atual contexto político brasileiro: “É um momento muito rico da militância de mulheres negras, mas temos ainda muito que caminhar e conscientizar, especialmente porque também estamos convivendo com um movimento contrário muito grande, de forças conservadoras contrárias a nossa conquista de direitos”, afirma Neusa.
Jana Guinond reforça o coro em prol da Marcha: “As mulheres negras sempre estiveram dispostas por um mundo melhor, e com a Marcha não será diferente. Propor uma reflexão sobre a atual situação torna-se imprescindível. É um projeto político das Mulheres negras para o Brasil. Viva mulheres negras, viva! Respeite a nossa história”.
“Vem marchar você também!”, convoca Lúcia Xavier.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Homicídio contra negras aumenta 54% em 10 anos, aponta Mapa da Violência 2015.

Estudo revela ainda que 50,3% das mortes violentas de mulheres são cometidas por familiares e 33,2% por parceiros ou ex-parceiros. Entre 1980 e 2013 foram vítimas de assassinato 106.093 mulheres, 4.762 só em 2013. Mapa da Violência 2015 | Homicídio de mulheres no Brasil será disponibilizado dia 9/11/2012 no site www.mapadaviolencia.org.br

Mapa da Violência 2015, elaborado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), aponta um aumento de 54% em dez anos no número de homicídios de mulheres negras, passando de 1.864, em 2003, para 2.875, em 2013. No mesmo período, a quantidade anual de homicídios de mulheres brancas caiu 9,8%, saindo de 1.747 em 2003 para 1.576 em 2013. O lançamento da pesquisa conta com o apoio do escritório no Brasil da ONU Mulheres, da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) e da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM) do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos.
Nesta edição, o estudo foca a violência de gênero e revela que, no Brasil, 55,3% desses crimes foram cometidos no ambiente doméstico e 33,2% dos homicidas eram parceiros ou ex-parceiros das vítimas, com base em dados de 2013 do Ministério da Saúde. O país tem uma taxa de 4,8 homicídios por cada 100 mil mulheres, a quinta maior do mundo, conforme dados da OMS que avaliaram um grupo de 83 países.
A divulgação da pesquisa em novembro tem especial significação: início dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, ações da campanha do Secretário-Geral da ONU UNA-SE Pelo Fim da Violência contra as Mulheres, o Dia Internacional de Eliminação da Violência contra as Mulheres e também o Dia Nacional da Consciência Negra.
Segundo a Diretora da Flacso Brasil, Salete Valesan Camba, “O Mapa da Violência é um trabalho desenvolvido pelo pesquisador Julio Jacobo Waiselfisz desde 1998 e já foram divulgados 27 estudos que têm contribuído de forma decisiva na reflexão da sociedade brasileira sobre as múltiplas formas de violência que se abatem sobre seus cidadãos e cidadãs, ceifando vidas, destruindo famílias, impedindo a realização dos futuros possíveis que essas vidas poderiam propiciar a toda à sociedade”.
Para a representante da ONU Mulheres Brasil, Nadine Gasman, o estudo inova ao revelar a combinação cruel e extremamente violenta entre racismo e sexismo no Brasil. “As mulheres negras estão expostas à violência direta, que lhes vitima fatalmente nas relações afetivas, e indireta, àquela que atinge seus filhos e pessoas próximas. É uma realidade diária, marcada por trajetórias e situações muito duras e que elas enfrentam, na maioria das vezes, sozinhas. Os dados denunciam outra bárbara faceta do racismo e amplia a reflexão sobre os tipos de violência sofridas pelas mulheres. É urgente criar consciência pública de não tolerância ao racismo e acelerar respostas institucionais concretas em favor das mulheres negras”. Gasman lembra a realização da Década Internacional de Afrodescendentes, entre 2015 e 2024, para promover o respeito, a proteção e a realização de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais de afrodescendentes, como reconhecidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos e especificados na Declaração e Plano de Ação de Durban.
Segundo o representante da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) no Brasil, Joaquín Molina, a pesquisa contribui para aumentar a conscientização sobre a violência de gênero, em especial a morte violenta de mulheres. “A violência contra a mulher é um problema de saúde pública, que afeta mulheres em diversas regiões do país e do mundo. Divulgar dados e estudos sobre esse tema ajuda a compreender a dimensão do problema e pôr fim a uma prática que tem tirado a vida das mulheres”. Ele também destaca a importância de iniciativas como a Campanha UNA-SE pelo fim da violência contra as mulheres, do Secretário Geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, que proclama o dia 25 de cada mês como o Dia Laranja para reunir esforços e dar visibilidade ao tema.
“O governo da presidenta Dilma Rousseff tem tolerância zero com a violência contra as mulheres. Nós, da Secretaria de Políticas para as Mulheres, trabalhamos incansavelmente para reduzir as estatísticas. Além de fortalecer o programa Mulher, Viver sem Violência e a rede de atendimento às mulheres, conseguimos, em conjunto com as bancadas femininas da Câmara e do Senado, aprovar este ano a Lei do Feminicídio, um grande passo para punir os criminosos e coibir os crimes por razão de gênero. Com a divulgação do Mapa da Violência, temos mais elementos para continuar investindo em políticas públicas”, afirma a secretária especial de Políticas para as Mulheres do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, Eleonora Menicucci.
Antecedentes – A violência contra a mulher não é um fato novo. Pelo contrário, é tão antigo quanto a humanidade. O que é novo, e muito recente, é a preocupação com a superação dessa violência como condição necessária para a construção de nossa humanidade. E mais novo ainda é a judicialização do problema, entendendo a judicialização como a criminalização da violência contra as mulheres, não só pela letra das normas ou leis, mas também, e fundamentalmente, pela consolidação de estruturas específicas, mediante as quais o aparelho policial e/ou jurídico pode ser mobilizado para proteger as vítimas e/ou punir os agressores. No Brasil, há nove anos, em agosto de 2006, era sancionada a Lei 11.340, conhecida como Lei Maria da Penha, visando incrementar e destacar o rigor das punições para esse tipo de crime.
Não é a primeira vez que o Mapa da Violência foca especificamente o tema da violência de gênero. De forma habitual, todos os Mapas trabalharam a distribuição por sexo das violências, sejam suicídios, homicídios ou acidentes de transporte. Em 2012, dada a relevância do tema e as diversas solicitações nesse sentido, foi elaborado o primeiro mapa especificamente focado nas questões de gênero.
Com informações atualizadas dos Mapas anteriores, visando verificar a evolução recente do problema no Brasil e no mundo, e, para a divulgação dos novos dados, a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), Sede Acadêmica Brasil, uniu forças com os escritórios no Brasil da ONU-Mulher e da OMS/OPAS e, também, com a Secretaria de Políticas para as Mulheres, visando ampliar a disseminação do estudo.
A fonte básica para a análise dos homicídios no Brasil, em todos os Mapas da Violência até hoje elaborados, é o Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde (MS).
A Flacso Brasil, como instituição dedicada à promoção de estudos e pesquisas em Ciências Sociais, cumprindo seu compromisso com a divulgação de estudos que contribuam para a melhoria da vida social e a superação de situações socialmente inaceitáveis, como a permanência da violência como linguagem validada, lançará na próxima segunda-feira (9), o Mapa da Violência 2015 – Homicídio de mulheres no Brasil, às 10h, em Brasília.
A seguir, alguns dos dados apresentados no Mapa da Violência 2015: homicídio de mulheres no Brasil.
Assassinato de mulheres UFs – Entre 2003 e 2013, o número de vítimas do sexo feminino passou de 3.937 para 4.762, incremento de 21,0% na década. Essas 4.762 mortes em 2013 representam 13 homicídios femininos diários.
Diversos estados evidenciaram pesado crescimento na década, como Roraima, onde as taxas mais que quadruplicaram (343,9%), ou Paraíba, onde mais que triplicaram (229,2%).
Entre 2006, ano da promulgação da lei Maria da Penha e 2013, apenas em cinco Unidades da Federação foram registradas quedas nas taxas: Rondônia, Espírito Santo, Pernambuco, São Paulo e Rio de Janeiro.
Assassinato de mulheres nas capitais – Vitória, Maceió, João Pessoa e Fortaleza encabeçam as capitais com taxas mais elevadas no ano de 2013, acima de 10 homicídios por 100 mil mulheres. No outro extremo, São Paulo e Rio de Janeiro são as capitais com as menores taxas.
Assassinato de mulheres nos municípios – Dentre 100 municípios com mais de 10.000 habitantes do sexo feminino (com as maiores taxas médias de homicídio de mulheres/por 100 mil), as 10 primeiras posições no ranking nacional são: Barcelos/AM (1º), Alexânia/GO (2º), Sooretama/ES (3º), Conde/PB (4º), Senador Pompeu/CE (5º), Buritizeiro/MG (6º), Mata de São João/BA (7º), Pilar/AL (8º), Pojuca/BA (9º) e Itacaré/BA (10º).
Estatísticas internacionais – De acordo com os dados da OMS, o Brasil tem taxa de 4,8 homicídios por 100 mil mulheres, em 2013, o que coloca o país na 5ª posição internacional, entre 83 países do mundo.
Cor das vítimas – As taxas das mulheres e meninas negras vítimas de homicídios cresce de 22,9% em 2003 para 66,7% em 2013. Houve, nessa década, um aumento de 190,9% na vitimização de negras, índice que resulta da relação entre as taxas de mortalidade brancas e negras, expresso em percentual.
Idade das vítimas – Baixa ou nula incidência até os 10 anos de idade, crescimento íngreme até os 18/19 anos, e a partir dessa idade, tendência de lento declínio até a velhice. O platô que se estrutura no homicídio feminino, na faixa de 18 a 30 anos de idade, obedece à maior domesticidade da violência contra a mulher.
Meios utilizados nos homicídios e local de agressão – Nos homicídios masculinos prepondera largamente a utilização de arma de fogo (73,2% dos casos), nos femininos essa incidência é bem menor: 48,8%, com o concomitante aumento de estrangulamento/sufocação, cortante/penetrante e objeto contundente, indicando maior presença de crimes de ódio ou por motivos fúteis/banais.
Outro indicador diferencial dos homicídios de mulheres é o local onde ocorre a agressão. Quase a metade dos homicídios masculinos acontece na rua, com pouco peso do domicílio. Já nos femininos, essa proporção é bem menor: mesmo considerando que 31,2% acontecem na rua, o domicílio da vítima é, também, um local relevante (27,1%), indicando a alta domesticidade dos homicídios de mulheres.
ATENDIMENTOS POR VIOLÊNCIAS
Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan)
O foco do presente estudo é a violência letal dirigida contra a mulher. Como as Declarações de Óbito utilizadas como fonte para qualificar os homicídios não fazem referência aos autores da violência, foi necessário recorrer a fontes alternativas, espécie de proxys, usando registros de violências que, tendo as mesmas características e circunstâncias daquelas letais, não necessariamente levaram à morte da mulher agredida: O Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde registra, de forma compulsória, os atendimentos realizados pelo Sistema Único de Saúde diante da suspeita de violência contra as mulheres que demandam atenção médica no sistema.
Em um capítulo do estudo, apresenta-se uma análise sobre os atendimentos em 2014, por UF, idade da vítima, agressores, tipos de violência, local da agressão, reincidências e encaminhamentos realizados.
Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) – A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) é uma pesquisa de base domiciliar, de âmbito nacional, resultado de uma parceria entre o Ministério da Saúde (MS) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A partir dos dados fornecidos pela PNS conferimos:
- um total de 3,7 milhões de pessoas, com 18 anos ou mais, sofreram agressão de alguém conhecido. Isso representa 2,5% da população nessa faixa etária. Mas o número de vítimas do sexo feminino, 2,4 milhões, quase duplica os quantitativos masculinos: 1,3 milhão. Assim, 1,8% do universo masculino do País, contra 3,1% do feminino, foram vítimas de agressão por alguém conhecido;
- Amapá, Sergipe e Rio Grande do Norte destacam-se por evidenciar as maiores taxas de agressão ao sexo masculino. Rio Grande do Norte, Paraná e Pará, pelas maiores taxas do sexo feminino.
Estimativas de feminicídio no Brasil – O estudo também realiza uma estimativa dos feminicídios que aconteceram no pais no ano de 2013, nos termos da recente Lei 13.104/2015, em março de 2015, a Lei do Feminicídio:
- dos 4.762 homicídios de mulheres registrados em 2013, 2.394, isso é, 50,3% do total foram perpetrados por um familiar da vítima, o que representa perto de 7 feminicídios diários nesse ano;
- 1.583 dessas mulheres foram mortas pelo parceiro ou ex-parceiro, o que representa 33,2% do total de homicídios femininos nesse ano. Nesse caso, as mortes diárias foram 4.
Coletiva de imprensa após o lançamento.
Mais informações:
Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais – Flacso Brasil
(21) 2234-1896 | (21) 2334-0890
Margareth Doher – (21) 9 9565-7810 | margarethdoher@flacso.org.br
Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS)
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(61) 3251-9581 | comunicacaoopasbrasil@paho.org
ONU Mulheres – Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres
(61) 3038 9140 | 8175 6315
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(61) 3313-7074 | 9689-4378 | cleia.martins@spm.gov.br

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Aviso de pauta (9/11-10h Brasília )- Lançamento Mapa da Violência sobre Homicídios de Mulheres



O Mapa da Violência 2015, elaborado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), deverá ser lançado segunda feira, dia 09/11/2015 com o apoio do escritório no Brasil da ONU Mulheres, da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) e da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM) do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos.
A divulgação da pesquisa em novembro tem especial significação: início dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, ações da campanha do Secretário-Geral da ONU UNA-SE Pelo Fim da Violência contra as Mulheres, o Dia Internacional de Eliminação da Violência contra as Mulheres e também o Dia Nacional da Consciência Negra.

Pauta: Lançamento – Mapa da Violência 2015 | Homicídio de mulheres no Brasil, de autoria de Julio Jacobo Waiselfisz (Flacso Brasil)
Data: 09/11/2015
Horário: 10 horas
Local: Casa da ONU – Complexo Sérgio Vieira de Mello – Sala LCC
Setor de Embaixadas Norte – Quadra 802
Lote 17 CEP: 70800-400
Brasília-DF

O Mapa da Violência 2015 | Homicídio de mulheres no Brasil será disponibilizado dia 09/11/2015 no site www.mapadaviolencia.org.br.

CONTATO PARA IMPRENSA

Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais – Flacso Brasil
Margareth Doher – (21) 2234-1896 | 99565-7810 margarethdoher@flacso.org.br
Marina Baldoni – (61) 3703-2540 | 8254-7020 marinabaldoni@flacso.org.br

Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS)
Luís Felipe Sardenberg – (61) 3251-9581 comunicacaoopasbrasil@paho.org

ONU Mulheres – Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres
Isabel Clavelin – (61) 3038 9140 | 8175 6315 isabel.clavelin@unwomen.org

Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres
Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos
Cleia Martins – (61) 3313-7074 | 9689-4378 cleia.martins@spm.gov.br